Saturday, July 08, 2006

Espelho

E começou a musica, sim aquela que te perturba, e que me acalma. Mas faz-me sonhar:

Deus meu! Estou sozinha, e que sala é esta?? Branco e mais branco, e mais um pedaço deste branco incrivelmente límpido. E este branco prolonga-se. E eu corro em busca duma porta, uma janela, algo que me faça sair daqui, que me tire desta calma/inquietação universal… E encontro algo, nem uma porta nem uma janela, mas algo majestoso, possivelmente demais para estar à vista de todos, por isso um véu o cobria. Um véu negro macio e brilhante como a seda, quem me dera ter um vestido assim…

E algo me fez destapar e arrancar o véu àquele objecto. Um espelho. Nada mais do que isso. Porém, fascinava-me o facto de poder ver para além de duas cores. Reparo nos meus olhos: estavam cintilantes mas com receio.
Ai! Uma luz faz-me fechar os olhos. Sinto-me fraca sem forças. Desmaio. Caio. Mas não no chão. Em teus braços, mas? Debilmente abro os olhos, nada vejo, não estou cega, não.
Olho então para o espelho, vejo-me suspendida por um ser. De lado para o espelho vejo-te: dono de uns olhos de sonho, verdes, a tua cara transmite tanta delicadeza, tanta pureza… Sem resistir toco-te, és real! Mas não te vejo, só apenas no espelho. Pousas-me no chão. E a minha mão mantém-se na tua face. Fechas os olhos com força e balbucias algo ao qual sou imune de perceber.

Em tuas cálidas mãos tens a minha cara. Tens o meu ser. Beijas-me. Doce doce beijo este, alma minha! Olho-te, sorris. Que sorriso, Deus meu! Que medo tenho eu de acordar…
“Encontrei-te, não quero saber! Se aqui me esperavas… não quero saber! Quero ficar contigo, no meio do nada, não interessa, reflectes-me. E só isso importa, e nada mais!”
Pousas a minha cabeça no chão. Dás-me a mão, querida tranquilidade... E tocas-me o rosto com tanta candura… fechas-me os olhos e sussurras: “Ficarei sempre aqui.”
E descanso finalmente da minha luta por paz, assim me a deste, se me a deste.
E fecho os olhos permanecendo na minha memória os teus olhos débeis à minha vista, e a tua doçura.
“És o meu tudo e eu o nada
Obtiveste a tua paz, minha alma penada.”-sussurro a mim própria.


Morro, finalmente....

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